sábado, 2 de maio de 2009

Mais um dia ...

Depois do mau tempo, lá veio o sol. Hoje estão 28º, está um céu azul lindo e o sol brilha de novo.
Acordei, e com o sol a brilhar assim, decidi ir tomar o pequeno almoço a uma esplanada, para ver se o sol me dava outro ânimo.
Mais um vez, fui perseguida até à esplanada. Recebi os sms do costume, quiz voltar para casa e desistir, mas achei que deveria parar e enfrentar...
Ouvi todos os nomes horriveis que já os sei de cor e salteado, tirou-me mais uma vez as chaves do carro, mais uma vez usou a força, marcou-me o braço e feriu-me as mãos, puxou-me a mala à força e vasculhou todos os numeros do meu telefone... eu ameacei mais uma vez chamar a policia.. mais uma vez em vão.
Foi-se embora, dizendo que eu tenho que o respeitar e que se não o fizer ele mata-me...
Desta vez, não mostrei medo, parei o carro e enfrentei-o, novamente me agrediu, não fui à esplanada,não apanhei sol, nem aproveitei o dia.
Aqui estou no meu quarto, fechada às chaves, a chorar e a tentar perceber o que me falta fazer para o demover.
O que me falta fazer para sair desta prisão em que vivo...
Novamente me ameaçou de morte e deixou bem claro que não me vai deixar viver, que me vai perseguir e estar de olho em mim.
Como pode ele deitar-se à noite e dormir de consciencia tranquila, como pode ele encarar as pessoas que o rodeiam, sabendo que usa da força para prender uma mulher?
Como pode haver pessoas como ele a usarem a força para maltratar um ser inferior?
Será que se sente mais homem assim? Será que se olha ao espelho e sente-se forte?
Como poderei eu continuar a resistir a isto? Como poderei eu abrir a porta deste quarto e sair sem medo?
Hoje nem o sol me iluminou... estou mais triste que nunca...
Amanhã será um novo dia... ou será um igual ao de todos os outros...
Como se pode prender assim uma pessoa, como se pode usar da força para impedir uma pessoa de viver?
Como ele disse, isto acabará um dia com a morte de um de nós...
Há uma semana que comemoramos mais um 25 de Abril... Livres? Como?
A que custo somos livres? Livres de falar? Livres de tomar decisões? Quais decisões? Eu tomei a decisão de não deixar que um tipo me agredisse e ainda hoje sou perseguida por isso.
Qual foi o preço da minha decisão?
Estou presa e condenada por um crime que não cometi e um filme que não é o meu.
A este grande homem que tem o orgulho de bater em mulheres, deixo aqui o meu mais lamentavel pesar e juro que um dia a sentença dele será mais pesada que a minha.
A minha luta vai continuar e eu sei que vou vencer, e quando vencer, irei declarar esta vitória a todas as mulheres que diariamente são agredidas por heróis deste tipo.

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